2008/03/25

Movimento ascendente

«Deixo Platero no prado alto e deito-me sob um pinheiro, cheio de pássaros que não levantam voo a ler Omar Khayyam.
No silêncio que separa os repiques, o referver intenso da manhã de Setembro ganha presença e rumor. As vespas aurinegras voam em torno da videira carregada de sadios cachos moscatéis, e as borboletas, confundidas com as flores, parece que se riem ao revoar. A solidão é como um grande pensamento de luz.
De vez em quando Platero deixa de comer, e fita-me... Eu, de vez em quando, deixo de ler e fito Platero...


Juan Ramón Jiménez - in Platero e eu, Domingo