2008/04/23

Manifesto

«O Tratado de Lisboa será hoje aprovado na AR para ratificação sem discussão nacional. Já nem falo do referendo mas do debate pelo país que se prometeu quando a maioria escolheu a forma parlamentar de ratificação. Mesmo dentro das comissões da Assembleia não creio que as audições tenham sequer chegado ao número das realizadas na altura de Maastricht e de Amesterdão. Voltamos à Europa das chancelarias...» (José Medeiros Ferreira)

Não sei porquê, tenho esta mania estúpida de me reservar - a mim e a mais ninguém - o direito de atestar a minha própria sandice. Ideias parvas, adolescentes, de quem perde demasiado tempo com livros (esses subversores!) e, deformada, fabula acerca de conceitos muito mais pragmáticos, como aquele... como é que se diz?... Democracia?
Menken, por exemplo, tem um piadão (de certo modo, era pago para isso). Há um humor atroz nas ideias logicamente insanas, como aquela do "making democracy safe for democracy". Mas até admito (tenho de admitir) que as mesmas ideias sejam transmitidas sem pingo de humor associado - e então a minha reacção será, gosto de acreditar, feroz e intransigente.
Isto que hoje sinto, tem de ser, portanto, outra coisa. Arrisco dizer que será asco - a minha típica reacção (orgânica), como um reflexo involuntário, à falta de carácter. Ou isso, ou um resquício dos temores da minha infância, quando primeiro me ensinaram que é sempre prudente ter medo do lobo vestido com as peles do cordeiro.