2008/06/25

A ilusão de substância

«A nossa carne é frágil; não importa que pedaço de matéria em movimento possa trespassar, rasgar, esmagar ou deformar para sempre uma das duas engrenagens internas. A nossa alma é vulnerável, sujeita a depressões sem causa, lastimavelmente dependente de toda a espécie de coisas e de seres, eles próprios frágeis ou caprichosos. A nossa pessoa social, da qual quase depende o sentimento da nossa existência, é constante e integralmente exposta a todos os acasos. (...) Especialmente, tudo o que diminui ou destrói o nosso prestígio social, o nosso direito à consideração, parece alterar ou abolir a nossa própria essência, tanto temos por substância a ilusão.»


Simone Weil - in Espera de Deus, Escritos, O Amor de Deus e a infelicidade