2008/06/09

Uma santidade nova

«Vivemos numa época totalmente sem precedente, e na situação presente a universalidade que podia outrora ser implícita, deve agora ser plenamente explícita. Ela deve impregnar a linguagem e toda a maneira de ser.
Hoje, mesmo ser santo nada significa, é necessária a santidade que o momento presente exige, uma santidade nova, também ela sem precedente.
Maritain disse-o, mas enumerou apenas os aspectos da santidade de outrora que estão hoje, pelo menos temporariamente, caducos. Ele não sentiu quanto, em contrapartida, deve a santidade dos nossos dias conter de novidade miraculosa.
Um tipo novo de santidade é uma irrupção, uma invenção. Guardadas as devidas proporções, e cada coisa à sua escala, é quase o análogo de uma nova revelação do universo e do destino humano. É o desvelar de uma larga porção da verdade e da beleza até aí ocultas por uma espessa camada de pó. É preciso para isto mais génio do que o necessário a Arquimedes para inventar a mecânica e a física. Uma santidade nova é uma invenção mais prodigiosa. (...)
O mundo precisa de santos com génio com uma cidade onde grassa a peste precisa de médicos. Onde há necessidade, há obrigação.»


Simone Weil - in Espera de Deus, Carta ao Padre Perrin, 26 de Maio de 1942