2008/09/23

In Memoriam (um peixe chamado palinhas)

Há algum tempo atrás, ainda que sob o protesto de alguns, adoptámos, temporariamente, um peixe como mascote. Durante uma semana, a C. alimentou-o e eu falei com ele. O palinhas tinha duas donas, de 7 e 8 anos, mas, contrariamente ao que seria de esperar, ainda não se chamava palinhas. Em rigor, em rigor, não se chamava nada. Inconformada, tomei a decisão administrativa de o baptizar palinhas, decisão que as legítimas donas vieram mais tarde a ratificar.
Esporadicamente, enquanto as aprendizes de prestadoras de cuidados se embrulhavam nas minhas pernas e se ocupavam de afixar, com imans em forma de borboleta, os seus projectos de arte no meu computador, perguntava-lhes pelo palinhas. Está bom?, Têm-se lembrado de lhe dar comida? e Não lhe estão a dar comida a mais, pois não? Embora, confesso, ultimamente, não tenha andado particularmente alerta para as necessidades do palinhas.
Hoje, diz-me o P.:
- Olha, tenho boas e más notícias. As más primeiro: o palinhas morreu. Na verdade, acho que já morreu há qualquer coisa como um mês, só não me tenho lembrado de to dizer.
Senti-me entristecer numa espiral de onde o P. não me teria conseguido resgatar, se não tivesse continuado:
- Mas já comprei outros dois peixes, um para cada uma. Um, tem umas manchas pretas portentosas e chamaram-lhe pintinhas; e agora adivinha lá o que é que chamaram ao peixinho amarelo, amoroso, que escolheram para lhe fazer companhia...
- Tweety ? Piu Piu?, disse eu.

- Sofia.