2008/10/29

Farol

«Quando fechei o último volume do Tratado, era outro homem; o princípio da utilidade, compreendido como Bentham o compreendia e aplicado como ele o aplicava nos seus três volumes, ocupava no meu espírito o lugar que devia ocupar; e tornou-se a pedra de toque que deu um só corpo a todos os elementos desagregados que constituiam até então os meus fragmentários conhecimentos e crenças. Deu unidade à minha concepção do mundo. Desde então tive opiniões; e tive uma crença, uma doutrina, uma filosofia e, num dos melhores sentidos da palavra, uma religião, de cuja defesa e propaganda iria fazer o principal objectivo da minha vida. Tinha diante de mim uma concepção grandiosa das transformações a efectuar na situação da humanidade por meio desta doutrina. O tratado de legislação apresentava-se-me como o quadro mais expressivo daquilo que se tornaria a vida da humanidade, se se aplicassem as leis recomendadas pelo Tratado


John Stuart Mill - in Memórias