2008/10/10

O Peso e a Graça

Aceito, sou uma céptica fracassada. Não há fracasso maior que a inconsequência. Não faço fé na bondade de ninguém e, com isso, dever-me-ia sentir, absolutamente, desvinculada de qualquer dever (pelo menos) apriorístico de solidariedade. A ser consequente, vigoraria na minha relação com os outros uma lógica de balança comercial. Pode parecer prosaico, mas poder-se-ia resumir a isto, o juízo a testar por qualquer céptico realizado, em face de um potencial investimento em alguém (e, por inerência, na maior parte das coisas) - afinal, qual é o saldo do que está a entrar e do que está a sair?
Só num ponto, encontro ainda uma réstia de optimismo em mim: tenho esperança que esta incapacidade de fazer jus à doutrina que me tem manietada, me granjeie uma aura de "gente boa" junto de um número singelo, mas - vá lá! - composto, de tolinhos ao longo da minha vida; sobretudo, porque, a mim, me parece pura estupidez, a maioria das vezes, indigna de respeito ou consideração.