2008/12/05

Poder e Educação/Educação e Poder

«Reconheci que valia a pena travar luta contra a preponderância das classes aristocráticas, da nobreza e do dinheiro, na organização inglesa, não por causa de quaisquer impostos ou de qualquer inconveniente relativamente insignificante, mas, sobretudo, por causa da acção desmoralizadora que exerce sobre o país. (...) Assim, enquanto as classes superiores e ricas detiverem o poder, a instrução e o progresso da grande maioria são contrárias ao seu interesse particular de classes dominantes, porque tendem a tornar o povo mais forte e, portanto, mais capaz de sacudir o jugo. Mas, se o povo alcançasse uma parte do poder ou até a mais importante, seria de todo o interesse para as classes opolentas desenvolver a sua educação, a fim de evitar erros realmente perigosos, sobretudo aqueles que conduzem a violações injustas da propriedade. Por estas razões, não somente continuava ardoroso defensor das instituições democráticas, mas desejava que as doutrinas Owenistas, Saint- Simonistas e outras, adversárias da propriedade privada, se expandisem largamente entre as classes pobres. Não que as julgasse verdadeiras ou que as desejasse realizadas, mas para que as classes superiores fossem obrigadas a abrir os olhos e se apercebessem de que tinham mais a temer do pobre sem educação do que do pobre instruído.»


John Stuart Mill - in Memórias