2009/01/06

On Liberty

«Depois da perda irreparável que sofri, o meu primeiro cuidado foi mandar imprimir e publicar o livro, em grande parte obra daquela que perdera, e de o dedicar à sua memória. Não introduzi nele nenhuma modificação nem adição; e nunca o farei. A sua mão não tinha podido dar-lhe o último retoque; a minha jamais tentará fazê-lo. A Liberdade, era directamente e mais ao pé da letra que qualquer outra da minhas obras, a nossa obra comum. Não há uma frase que não tenhamos revisto várias vezes juntos, examinando por vários lados e expurgando cuidadosamente dos defeitos de pensamento ou de expressão que aí descobrimos. Graças a este trabalho, mesmo sem a revisão definitiva que deviamos fazer, ele ultrapassa, relativamente à redacção, tudo o que publiquei antes ou depois. No que se refere às ideias, é difícil atribuir-lhe um capítulo qualquer mais que outro. A maneira de pensar que se reflecte no livro é bem a sua; mas eu estava tão impregnado dela, que as mesmas ideias se nos apresentavam com toda a naturalidade. A ela, contudo, devo o facto de me encontrar influenciado a este ponto.
(...)
A Liberty resistirá mais ao tempo que qualquer outro dos meus escritos (com excepção talvez da Lógica), porque a união do espírito de minha mulher e do meu fez deste livro uma espécie de manual filosófico acerca de uma verdade única, que as mudanças progressivas da sociedade moderna tendem a pôr mais vivamente em relevo. Refiro-me à importência que tem para o homem e para a sociedade a existência de grande número de tipos diferentes de carácter, e a utilidade de se permitir que a natureza humana se desenvolva livremente em todas as direcções, por mais opostas que sejam. »


John Stuart Mill - in Memórias