2009/04/20

(A)moral política

Freeport: secretário de Estado considera pedido feito pela Ordem dos Notários “muito grave”

O Senhor Secretário de Estado da Justiça manifestou-se histericamente indignado com a divulgação, a um jornalista, das escrituras públicas celebradas pelo Primeiro Ministro. Segundo o Ilustre: "É uma atitude que, a confirmar-se, afecta a vida privada dos cidadãos. Permite que seja vasculhada a sua vida privada e isso num Estado de Direito não pode acontecer." Salvo o devido respeito, as escrituras públicas são - como hei-de dizer? - públicas. Mas o Primeiro Ministro ganha pontos pela consistência. É verdade. Afinal, não estamos nós a falar do mesmo Primeiro Ministro que, na sua declaração de rendimentos ao Tribunal Constitucional, deixou em branco o espaço relativo aos... rendimentos?
Com reacções destas à simples divulgação em potência da dança do património, está-se mesmo a ver a viabilidade da criminalização do enriquecimento ilícito (com ou sem inversão do ónus da prova), não está?
Ó Senhor Secretário de Estado, então, é muito grave que o cidadão tenha acesso a informação pública relevante acerca dos seus governantes?

A mim não me parece só grave mas aviltante que alguém com a sua cultura de responsabilidade política governe alguma coisa.