Pela primeira vez desde sempre corri para casa para assistir ao jornal da noite da TVI.
Qual não é o meu espanto (sem gozo, que a idade ainda me permite rasgos ocasionais de naïveté) quando me apercebo que, de todas as estações de televisão, a TVI, que parece passou a ter um problema com a sua linha editorial, é aquela que menos relevância noticiosa atribui à demissão em bloco da sua direcção de informação e chefia da redacção.
Eu, que por uma questão de cidadania, sempre me recusei a dar audiência aos jornais da TVI - e isso incluia (também mas não só) o Jornal Nacional da Sra. Moura Guedes - vejo-me na condição insólita de me continuar a recusar a assistir aos blocos noticiosos daquela estação por constatar que, afinal, continua a representar tudo o que de mais podre há na indústria da comunicação. Numa citação muito livre: às vezes é preciso que tudo mude para que afinal permaneça tudo na mesma.
Numa sociedade verdadeiramente livre, o direito à estupidez é, também ele, sobretudo num tempo em que a cupidez parece entranhada no próprio âmago de tão boa gente, um direito fundamental.
Lastimo, terrivelmente, a pivot (porventura a crise a isso obrigue) que se prestou a preencher o tempo de antena.