2007/09/22

Freytag, diplomata do rei, seu clemente soberrano.

(...) fizeram-me saber, da parte de Sua Magestade, o rei da Prússia, que não me seria licitado sair de Frankfurt até ao momento em que eu tivesse devolvido a Sua Magestade os preciosos pertences que tinha levado comigo. "Ai de mim, senhores, juro-vos que nada levo deste país, nem mesmo a menor saudade. Quais são então as jóias da Coroa brandemburguesa que me são reivindicadas?" - "Ser, meu senhor", respondeu Freytag, "a obra de poetsia do rei, meu clemente soberrano." "Oh, eu entregar-lhe-ia sua prosa e seus versos de todo o coração, repliquei-lhe (...). Infelizmente, esse exemplar está em Leipzig, com o resto da minha bagagem". Então, Freytag propôs-me ficar em Frankfurt até que chegasse o tesouro que estava em Leipzig; assinou este belo bilhete:

Senhorr, assim que o grande mala de Leipzig estiver aqui, onde está a Obra de Poetsia de meu rei e soberrano, que Sua Magestade pede, e devolvida a mim a obra de poetsia, o senhor poderá partir para onde desejar.
Frankfurt, 1 de Junho de 1753
FREYTAG, diplomata do rei meu soberrano.

Escrevi por baixo do bilhete: De acordo quanto à obra de poetsia do rei seu soberrano - o que satisfez o meu diplomata.


Voltaire - in Memórias