2007/11/29

"Entre os documentos reunidos por Courtois, encontram-se várias notas de Robespierre suficientes para mostrar a repugnância que as saturnais terroristas inspiravam no célebre membro do Comité de Salvação Pública. Nessas notas, Robespierre critica Léonard Bourdon por ter aviltado a Convenção ao introduzir o costume de se falar de chapéu na cabeça e outras formas indecentes. Condena fortemente as hediondas tentativas da Comuna para estabelecer o ateísmo público. Robespierre mostra-se sempre amigo da virtude, da religião e até da decência. O culto da deusa razão ainda lhe desagrada mais do que o fanatismo dos padres católicos. Sente que o homem só pode ser republicano se for, antes de tudo, moral e religioso. Estas são também as ideias de Saint-Just e de todos aqueles que, na Montanha, tinham uma alma honesta, ou seja, a grande maioria." - Levasseur de la Sarthe

«A outra acção, que se pode chamar simbólica, deste breve momento de hegemonia robespierrista exprime-se no relatório sobre as festas nacionais e mais ainda na proclamação do "Ser Supremo e da imortalidade da alma", no dia 18 de Floreal do ano II. O deísmo rousseauniano dos montanheses, para o qual a sociedade deve assentar na virtude da alma é uma exigência moral, implicando a necessidade de um Ser Supremo, inscreve-se aqui em contraponto da herança cristã, considerada ao nível das superstições, como o culto da Razão, uma via para o ateísmo. (...)»

Michel Vovelle - in A Revolução Francesa, 1789-1799