2007/11/28

Um bocadinho de mau olhado para si também.

Era manhã, vinha para o escritório e, por isso, tinha, pelo menos dois, bons motivos para estar (ainda que, porventura, transitoriamente) de mal com a vida.
Eis então, que me aborda na rua uma cigana: - "Leia a sina, menina. É só um euro". Agradeci, tão gentilmente quanto me era possível, atendendo a que era manhã e vinha para o escritório, e declinei a oferta. No último segundo, como se não houvesse amanhã, acrescenta: - "Ó menina, olhe que isso está muito carregado!".

Buuuuu! para si, Senhora. Vou repetir: é manhã e eu estou a caminho do escritório. Como se isso não me bastasse, Você ainda me tirou da pasmaceira dos meus pensamentos inertes e, não satisfeita, usa as suas técnicas de persuasão, tentando-me convencer que o universo está contra mim... ou que sou seguida por um bando de invejosos... ou que me rogaram mau olhado... ou seja lá o que for que isso de "estar muito carregado" quer dizer.

É nestas ocasiões que me insurjo mais veementemente contra os liberais que se opõem ao Estado-Regulador. Regulem Senhores, regulem. Regulem que as ciganas não podem abordar transeuntes incautos durantes as manhãs (pelo menos nos dias úteis - é inegociável!); e que passam a obedecer a um catecismo que as proibe de anunciar maleitas, salvo quando expressamente solicitadas para o efeito.

Buuuuu! para si, Senhora. Mil vezes, Buuuuu!