2007/12/19

«E a sua carinha jovem tinha adquirido uma expressão tão séria, que eu logo compreendi o que significava. Não obstante, senti-me desapontado: "será possível, dizia, de mim para mim, que ela hesite entre o lojista e eu?" Ah, é que então eu não compreendia! Não compreendia absolutamente nada! Até hoje nada tinha compreendido! Lembro-me que a Lukéria correu atrás de mim quando eu já me ia embora, que me fez parar e me disse: "Deus lhe pague, senhor, por ter tomado conta da nossa menina, mas nunca lho dê muito a perceber, ela é orgulhosa".
Orgulhosa? Eu gosto de pessoas orgulhosas. As pessoas orgulhosas são geralmente boas, quando, sim, não há dúvida, quando já não podemos duvidar do nosso ascendente sobre elas. (...)»

Dostoievski - in Está Morta!, Pedido de Casamento.