2008/01/11

Feminismos

«There is no escaping the fact that Hillary chose the most traditional path to power. I certainly wouldn't want her as a model for any of the young women I know. "Get into Yale Law School - and then find an upwardly mobile spouse." What kind of advice is that?» - Anne Applebaum

«Anne Applebaum was born in Washington, DC in 1964. After graduating from Yale University, she was a Marshall Scholar at the London School of Economics and St. Antony's College, Oxford. In 1992 she won the Charles Douglas-Home Memorial Trust award for journalism in the ex-Soviet Union. Between East and West won an Adolph Bentinck prize for European non-fiction in 1996. Her husband, Radek Sikorski, is a Polish politician and writer. They have two children, Alexander and Tadeusz.»


O feminismo. O que é?
Não sei. Mas tiro conforto da ideia de que, provavelmente, quando se deixou de poder falar num "movimento feminista" - e parece, de facto, que não se pode já falar de um "movimento" feminista, deixámos também de poder falar d' O feminismo.
Hoje, parece, há vários. São os despojos das conquistas das mulheres no século XX. E para quem nasceu na era da democracia proclamada, a diferenciação vem investida do direito à indignação. E depois, se calhar, tem razão Darwin, singram as mais fortes. Não quero com isto dizer que ao homem é legítimo semear caminhos de espinhos para a mulher caminhar descalça; mas que o meu feminismo - aquele que me é dado hoje a viver - é mais uma questão de atitude, que de filosofia ou política. A verdade é que não perco muito tempo a considerar a minha condição de mulher. E recebo isso, consciente de que é um legado que, como a liberdade (e não sei de "feminismo" e "liberdade" não são sinónimos), alguém me deixou. O que é certo é que poucas vezes me senti tão mulher, como quando me esqueci completamente que o era.

Paridade.

Não quero ser igual a nenhum homem. Se fumar, quero fazê-lo por obra e graça da minha própria estupidez, e não porque "os homens é que fumam"; não quero ir ao futebol, a menos que seja a final de uma competição internacional; não quero fazer xixi de pé; e não vou sequer tentar aprender a gostar de cerveja. Mas não vou calar, porque sou mulher; não me vou inibir, porque sou mulher; não vou desistir, porque sou mulher; não me vou resignar - precisamente, porque me sinto tão bem na pele de uma Mulher. E, por isso, gosto de Virginia Woolf e leio Stuart Mill com prazer, porque numa não encontro vestígio de auto-comiseração e noutro, não encontro nesga de paternalismo.

E, depois, quem é que pode dizer que lavar os pés ao homem que se ama não é das coisas mais prazerosas que uma mulher pode fazer?