2008/03/18

Fondue

A vida a imitar a arte que imitou a vida, excluindo apenas a má televisão da equação.

Mythos Germania - Vídeo

«- A II Guerra Mundial sempre me despertou muita curiosidade. Como arquitecto, concentrei-me no que Hitler construiu e no que planeava construir. Queria saber mais e tentei encontrar livros sobre o assunto. Não havia. Por isso, resolvi fazer um, eu próprio.
- Não porque gostasse da arquitectura nazi?
- Não. Detestava-a, mas achava que o registo visual desse período deveria ser preservado. O programa de construção de Hitler é aquilo a que chamamos arquitectura fascista. É anónima e muito feia. A arquitectura fascista é como uma batata assada ou um pound cake. Massuda. Não tem leveza, nem personalidade, nem romance, nem emoção, nem paixão. Eu mostro-lhe.
Abriu o dossier.
(...)
- E continua assim, página após página de planos nunca concretizados. Speer chamava-lhe ironicamente a sua "arquitectura de estirador de desenho". Repare agora nisto. É a citação que tenciono utilizar para encerrar esta secção e, na verdade, o meu livro. Trata-se de uma citação muito correcta dos diários secretos que Albert Speer escreveu na prisão de Spandau.
Joan Sawyer inclinou-se para mais perto e leu em voz alta:
- "Albert Speer escreveu: 'Pois o que nunca foi construído também constitui uma parte da história da arquitectura. E provavelmente o espírito de uma era, os seus objectivos arquitectónicos especiais, podem ser analisados melhor a partir de tais objectos não realizados do que das estruturas efectivamente construídas. É que as últimas foram com frequência deturpadas pela escassez de fundos, pela vontade de patrocinadores obstinados ou inflexíveis, ou por preconceitos. O período de Hitler também é rico em arquitectura não construída. Como será diferente a imagem que dele emergirá se, um dia, eu tirar das gavetas da minha secretária todos os projectos e todas as fotografias de maquetes feitas durante esses anos!'"
Joan Sawyer endireitou-se e olhou para Foster com novo respeito.
- E foi isso exactamente o que você fez. (...)»


Irving Wallace - in O Sétimo Segredo