2008/07/14

Justiça Vs Caridade = Irresponsabilidade

«O amor implícito a Deus não pode ter senão três objectos imediatos, os três únicos objectos deste mundos nos quais Deus está, ainda que secretamente, realmente presente. Estes objectos são as cerimónias religiosas, a beleza do mundo e o próximo. O que perfaz três amores.
(...)»

Simone Weil - in Espera de Deus, Escritos, Formas do Amor implícito a Deus

«Os benfeitores de Cristo não são por ele chamados afectuosos ou caridosos. São chamados justos. O Evangelho não faz qualquer distinção entre o amor ao próximo e a justiça. Também aos olhos dos gregos o respeito por Zeus suplicante era o primeiro dos deveres de justiça. Fomos nós que inventámos a distinção entre a justiça e a caridade. É fácil compreender porquê. A nossa noção de justiça dispensa aquele que possui de dar. Se ele dá não obstante, crê poder sentir-se satisfeito consigo mesmo. Pensa ter feito uma boa obra. Quanto àquele que recebe, consoante o modo como entende essa noção, ou esta o dispensa de toda a gratidão, ou o constrange a agradecer de forma indigna.
Só a identificação absoluta da justiça e do amor torna simultaneamente possíveis, por um lado, a compaixão e a gratidão, por outro lado, o respeito pela dignidade da infelicidade nos infelizes, por eles mesmos e pelos outros.»

idem, O Amor ao Próximo